quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NOSSA SENHORA DA ESCADA - HISTÓRIA E CULTO








O culto de Nossa Senhora da Escada foi trazido de Portugal para o Brasil.








Porque "da Escada"?

Uma das explicações remete à infância de Nossa Senhora.

Ainda bebê, ela miraculosamente teria conseguido galgar as escadarias do templo de Jerusalém.









MARIA MENINA SOBE AS ESCADARIAS DO TEMPLO DE JERUSALÉM ( LENDA DOS EVANGELHOS APÓCRIFOS)
VEJA EM:
http://rezairezairezai.blogspot.com/search/label/EVANGELHO%20AP%C3%93CRIFO












Outra, mais prosaica, recorre a uma simples questão arquitetônica.

O atributo "da Escada" teria surgido de igrejas em que era preciso vencer escadarias para cultuar a Virgem Maria.

Existem igrejas sob a invocação de Nossa Senhora da Escada na Bahia, em Pernambuco (onde empresta o nome ao município de Escada) e em outras partes do Brasil.

Em São Paulo, além de Barueri, existe outra em Guararema.
 Esta, de meados do século XVII, é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional e, como a de Barueri, foi erguida para servir a um aldeamento.


Curiosidade:

Na Capela da Nossa Senhora da Escada, na cidade de Guararema, está a única imagem em gesso do São Longuinho, presente vindo da Itália.

Nossa Senhora da Conceição da Escada; antiga devoção mariana popular de Portugal e do Brasil, ligada ao mar

 

Não é de estranhar que, pela acentuada vocação marítima de Portugal, tenha sido a devoção dos marinheiros de Lisboa uma das mais populares no país, e, por essa razão, uma das primeiras a se implantar no Brasil.


Escada?

 Que nome estranho para designar uma devoção a Nossa Senhora, poderão pensar alguns ao ouvi-lo.

 Outros, mais eruditos, estabelecerão talvez um nexo com a escada de Jacó, narrada na Sagrada Escritura, pois o Patriarca sonhou com uma escada que levava ao Céu. De modo análogo, Nossa Senhora leva ao Céu, logo...


E ainda outros, quiçá, relacionarão o nome com imagens da Paixão de Cristo, dado que, muitas vezes, Nossa Senhora aparece ao lado da escada utilizada para descer o corpo de seu Divino Filho da cruz.


O que ninguém consegue imaginar é a razão verdadeira da invocação Nossa Senhora da Conceição da Escada.


Na origem do nome, singeleza de circunstâncias naturais


Qualquer pessoa dotada de cultura básica conhece a enorme importância que tiveram as navegações e descobrimentos portugueses nos séculos XV e XVI, bem como o fato de terem sido os navegantes lusos que uniram, por via marítima, diversos continentes.

 E que tal epopéia ocorreu mediante viagens realizadas a bordo de navios que, se comparados aos de hoje, eram semelhantes a frágeis cascas de nozes.




Coragem não faltou aos navegantes daquela época. Também não faltou fé e fortaleza para correr todos os riscos.

E tal fé dos marinheiros lusos encontrava uma expressão encantadora na devoção a Nossa Senhora da Conceição da Escada, na cidade de Lisboa.


A imagem original da Virgem Santíssima – que depois ficou conhecida sob essa invocação – é muito antiga, anterior à reconquista da cidade aos mouros, em 1147.

Ela se encontrava em uma capela situada à margem do rio Tejo. Ao partir, os marinheiros encomendavam-lhe seus trabalhos, e agradeciam sua proteção ao voltar. Como a margem do rio é elevada, precisavam subir ou descer os 31 degraus que separam a capela do rio.

Por isto, com a passar do tempo, a imagem de Nossa Senhora da Conceição começou a ser chamada de Conceição da Escada, para diferenciá-la de outras imagens de Nossa Senhora da Conceição (devoção muito difundida em Portugal). Desse fato resultou que a imagem passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Escada.


Dada a importância que a vida ligada ao mar tinha para o povo português naquela época, é compreensível que a referida imagem fosse das mais veneradas. De onde se explica que, cada vez que se decidia a realização de procissões para celebrar tal ou qual vitória, ou pedir proteção contra este ou aquele flagelo, eram as procissões da capela de Nossa Senhora da Escada das mais concorridas.


Com o tempo, começaram a acorrer à capela pessoas em barcos de locais longínquos, a fim de cumprir promessas e votos, bem como agradecer favores recebidos. Numa determinada época, realizava-se uma procissão com tochas acesas, provavelmente à noite, que descia o rio até chegar à capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição da Escada.


Vitória de Aljubarrota fortalece devoção




A procissão mais importante, porém, era a que comemorava a vitória dos portugueses em Aljubarrota, no ano de 1385.









As tropas portuguesas, comandadas pelo Venerável Nun'Álvares Pereira, lutavam não só para defender a independência do país, mas sobretudo para este não cair no cisma que ameaçava dividir a Cristandade, já que o Rei de Castela na ocasião apoiava um antipapa.


Após travarem a luta em condições de inferioridade numérica, os portugueses obtiveram memorável vitória.





Ao ter notícia do triunfo, o povo acudiu em massa aos diversos santuários do país, e um dos mais concorridos foi o de Nossa Senhora da Escada, onde pessoas de todas as classes sociais se dirigiram para agradecer a Nossa Senhora a insigne proteção.

Que tenham sido de todas as classes sociais não é de estranhar, pois à Marinha dedicavam-se representantes de todos os segmentos sociais da época. Desde os nobres mais elevados que comandavam as armadas com destino à África ou à Ásia, até os mais humildes servidores.


Devoção expande-se para Bahia e São Paulo


Com as descobertas marítimas que iam sendo feitas, a Fé católica ia se expandindo.

Por isso, ao dominar novos territórios, uma das primeiras preocupações dos portugueses era ensinar as verdades da Fé aos habitantes do local.






E nada melhor para consolidar uma alma no caminho da verdadeira Religião do que ensiná-la a amar e confiar nAquela que é a Mãe de Deus, e por isso mesmo, nossa advogada.


Como dois dos primeiros locais a serem colonizados em nosso País foram a Bahia de Todos os Santos e zonas na região próximas ao litoral de São Paulo, é compreensível que aí se encontrem as duas capelas dedicadas a Nossa Senhora da Escada.


A existente na Bahia apresenta uma característica muito antiga, da época da escravidão: os escravos, quando ainda não batizados, não podiam ficar dentro da Igreja, permanecendo num alpendre junto à entrada. É por isso que o pequeno templo possui um amplo alpendre.


A outra capela situava-se numa vila chamada Escada, nome este proveniente da própria invocação mariana. Tal capela está situada cerca de Guararema, cidade a 80 quilômetros da capital paulista. Devido à sua proximidade do rio Paraíba, essa vila era freqüentada tanto por pescadores como por viajantes que navegavam rumo ao Rio de Janeiro.


Quando passou por lá, em 1717, o Conde de Assumar, Governador de São Paulo, Escada era uma vila que já possuía sua própria Câmara Municipal. Mas o pequeno núcleo não prosperou, e com sua decadência também foi minguando a devoção mariana que lhe deu origem.


As devoções marianas não constituem, via de regra, um fruto artificial, ocasionado por algum interesse humano. Elas florescem naturalmente quando Nossa Senhora distribui suas graças, valendo-se, por exemplo, de uma imagem sob esta ou aquela invocação. E se o povo é verdadeiramente piedoso, costuma corresponder a essas graças, propaga-se naturalmente a devoção Àquela que o sustenta nas duras lutas da vida.


Quando, porém, a população decai em fervor e não mais invoca a Virgem Santíssima, as devoções ligadas a alguma capela ou imagem também por vezes decaem. As pessoas deixam de freqüentar o local, e vão se olvidando das graças recebidas. Nessas condições, não raro Nossa Senhora opera novo prodígio, a fim de reerguer a antiga devoção. Mas, infelizmente, nem sempre os homens correspondem à nova manifestação da bondade materna.


Dois terremotos e decadência da devoção


Foi o que aconteceu com a imagem de Nossa Senhora da Escada em Portugal.

Em 1531 um terremoto destruiu a capela, que foi reedificada. Mas como a devoção continuava decaindo aos poucos, permitiu Nossa Senhora que novo terremoto em Lisboa, mais terrível que o anterior, destruísse o pequeno templo em 1755.

 Nos dois casos, os edifícios que abrigavam a imagem foram destruídos, salvando-se contudo, milagrosamente, entre as ruínas, tanto a efígie mariana como o altar em que ela se encontrava.


A decadência do culto a Nossa Senhora sob essa invocação havia chegado a tal ponto, que a capela da Escada não foi mais reconstruída. Por isso, a primitiva imagem foi levada para o templo de Nossa Senhora das Mercês em Lisboa, onde se encontra até hoje. Pareceria um triste fim de uma invocação mariana antes tão difundida.


Renascimento promissor





Entretanto, a devoção não morreu.

Ela deitou raízes em nosso País, surgindo várias capelas a ela dedicadas, como a que foi edificada na vila da Escada, acima referida, no Estado de São Paulo, e anos atrás em Curitiba, no bairro Novo Mundo.


Peçamos à Mãe de Deus que este seja um sinal do revigoramento dessa bela devoção tão acendrada em nossos ancestrais lusos, especialmente os navegadores, que a trouxeram para a Terra de Santa Cruz.


Nossa Senhora da Conceição da Escada é a Padroeira da cidade de Barueri, cuja festa celebra-se em 21 de novembro.

 
 
 
 
 
 NOSSA SENHORA DA ESCADA, EM PERNAMBUCO.
 
 
Primitivamente o município foi uma aldeia de índios das tribos Potiguaras, Tabujarés e Mariquitos(Indeterminado,pois os arquivos que provam a existênçias dessas tribos foram perdidos na histórica cheia de setenta que a atingiu).







O nome "Escada" provém da capela erguida por missionários da Congregação do Oratório, vinda de Portugal para a catequese dos índios.

Como a capela estava localizada no alto do terreno, foi construída uma escada para dar acesso a um "nicho" em louvor a Nossa Senhora d'Apresentação, que ficou conhecida como Nossa Senhora da Escada.


O distrito de Escada foi criado pela Carta Régia de 27 de abril de 1786 e por Lei Municipal em 6 de março de 1893. A Lei Provincial nº 326, de 19 de abril de 1854, criou o município de Escada, com território desmembrado do município do Cabo de Santo Agostinho.

A sede municipal foi elevada à cidade pela Lei Provincial nº 1.093, de 24 de maio de 1873. É formado pela Sede Administativa, distritos de Massuassú e Frexeiras.




IGREJA DE ESCADA, EM PERNAMBUCO


INTERIOR DA IGREJA







OUTRAS IMAGENS QUE ENCONTREI NA WEB:
























MARIA SOBE AS ESCADA DO TEMPLO DE JERUSALÉM EM SUA APRESENTAÇÃO  
POR SÃO JOAQUIM E SANTA ANA.


OUTRO POSSÍVEL MOTIVO DA DEVOÇÃO
É A REPRESENTAÇÃO DE MARIA
PRÓXIMA A ESCADA
A USADA PARA TIRAR O CORPO DE JESUS DA CRUZ

























































































IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA ESCADA , FILIPINAS













































3 comentários:

  1. Salve Maria Puríssima !
    lendo as possíveis razões do título de "Nossa Senhora da Escada" , nenhuma delas coincide com a que conheço.
    No livro TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM, NO NÚMERO 42, São Luís Maria Grignion de Montfort, diz que "São Francisco viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado nO Céu, avultava a Santíssima Virgem. E o Santo compreendeu que aquela escada devia subir para chegar aO Céu: ..."

    Espero ter contribuído rss. Santa e abençoada tarde a todos.
    Salve Maria Puríssima
    Cidinha,
    Barbacena, 19 de outubro de 2018

    ResponderExcluir
  2. APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DA ESCADA

    Há muitos, muitos anos, ainda nos alvores da História portuguesa, existia ali, no Rossio de Lisboa, uma pequena ermida abobadada e com a altura de um primeiro andar. Quem a construiu? E porquê? É o que vou recordar.
    Quase desgrenhada de tanto correr, a rapariga estava ofegante, exausta. O seu traje falava de miséria, o seu rosto tinha estampada uma expressão de horror. Parou olhando o céu, e chamou, numa voz entrecortada pela dificuldade da respiração:
    — Minha Nossa Senhora! Por tudo vos peço que me salveis! Eu estou inocente! Nada roubei, pois apenas quis dar de comer à minha filhinha que morria de fome... Salvai-me, Virgem Santíssima! Salvai-me, e tereis em mim uma serva para toda a vida!
    Atrás dela soaram os passos dos seus perseguidores. Desesperada, ela achou forças para voltar a correr. Dobrou a esquina do Rossio e, de súbito, ouviu uma voz que vinha do Alto:
    — Vou salvar-te, minha filha, O teu pecado está já bem redimido pela tua dor. Quiseste apenas salvar a tua filha. Agora sou eu quem te salvará.
    A rapariga abriu os olhos num espanto e estacou. Olhava em todas as direcções. Abanava a cabeça, como se não acreditasse na realidade, e gritou quase:
    — Senhora! Senhora! Não sei se é milagre ou loucura, a voz que oiço! Mas se sois vós, ó minha Mãe do Céu, dizei-me como podereis salvar-me, se os meus perseguidores já estão a dobrar a esquina?...
    De novo a voz vinda do Alto fez-se ouvir:
    — Olha na tua frente. Que vês?
    — Uma escada... Mas aqui... havia apenas uma parede!...
    — Pois sobe por essa escada e segue essa estrelinha que brilha sobre ela.
    — Subir?
    — Sim. Mas depressa! Eles já estão a chegar!
    Cruzando as mãos sobre o peito, a rapariga começou a subir e em breve se perdia no espaço...

    Furioso, o chefe gritava:
    — Não pode ser! Ela não tinha asas nos pés! Procurem-na bem! Vejam na Corredoira. Ela tem de estar escondida em qualquer parte!
    Um dos homens encolheu os ombros e afirmou:
    — É impossível! A rapariga sumiu-se como o fumo!

    O que parecia mandar gritou, colérico:
    — Deixem-se de parvoíces! Procurem até encontrá-la!
    Mas a pesquisa foi baldada. Armaram um cerco que foram apertando. E nada! Faziam perguntas a quem topavam pelo caminho. Ninguém tinha visto a rapariga. De súbito, na Corredoira, alguém parecia ter algo para dizer. Correram quantos por ali se encontravam, fazendo perguntas. Mal refeita de espanto, uma velhota tartamudeou:
    — Eu via-a... Via-a com estes olhos que Deus me deu...
    — E onde?
    — Além... falando com o Céu...
    O chefe gritou:
    — Deixem a velha, que ela está doida!
    Mas a velha insistiu:
    — É verdade! Ela olhava e falava para o Céu. Parecia esperar uma resposta e depois falava outra vez.
    O chefe fechou os punhos, mais irritado.
    — Não percamos tempo com ela! Procurem melhor!
    A voz da velha voltou a ouvir-se:
    — É escusado! Eu vi como sucedeu aquilo...
    O homem franziu as sobrancelhas e perguntou:
    — Aquilo o quê? Fala, velha idiota. E de maneira que te perceba!
    A velha olhou o céu. Suspirou fundo e pareceu decidir-se:
    — Pois é verdade... Ainda me custa a acreditar! Calculem que a rapariga avançou para a parede da esquina e subiu por ela como se estivesse a subir uma escada...
    O homem interrompeu-a num berro:
    — Estás a brincar connosco ou endoideceste?
    Medrosa, tremendo, a velhota volveu:
    — Juro que digo a verdade, senhores! Ela subiu até desaparecer. Foi nesse momento que os senhores chegaram.
    O homem que parecia comandar os outros tentou acalmar-se. Fazia um visível esforço para se dominar.
    — Ora vamos falar como pessoas sensatas. Vossemecê diz que viu a rapariga subir pela parede como se fosse por uma escada e desaparecer?
    — Juro que vi!
    — E não acha isso estranho?
    A velhota arfava. Pôs as mãos.
    — Acho, sim, meu senhor! Creio que foi um milagre! O Céu atendeu-a!
    O homem calou-se. Olhou de sobrancelhas carregadas o sítio do muro por onde a velhota dizia ter visto a rapariga subir...
    E murmurou num eco:
    — Milagre! Foi um milagre! .....

    ResponderExcluir
  3. Acho que a escada da Cruz é mais plausível.Conheci a capela de Guararema, Brasil... Também vi um doc sobre a igreja margeante ao Tejo.Obrigado pela reportagem.

    ResponderExcluir