domingo, 17 de janeiro de 2016

IGREJA DAS BODAS DE CANÁ - LUGAR DO PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS

Numerosos testemunhos relatam um santuário edificado em Caná pelos cristãos, em memória do primeiro milagre de Jesus. 








Eis um testemunho de um peregrino anônimo do século VI: 

“(Partidos de Séforis), depois de três milhas chegamos a Caná, onde o senhor foi as bodas, e nos sentamos sobre o mesmo lugar, onde eu indigno, escrevi o nome dos meus pais... das talhas ainda restam duas, eu enchi uma de vinho e a carregando sobre as costas a ofereci no altar e na mesma fonte nos lavamos por devoção. Depois fomos a cidade de Nazaré”. 




Interior da Igreja das Bodas de Caná



Devido a várias necessidades, em tempos diversos, a tradição tem colocado o legado evangélico em diferentes lugares; mas desde o início do século XVI os pelegrinos encontraram em Kfar Kanna uma sala subterrânea na qual se desce pelo interior do edifício em colunas, considerados por eles como uma igreja construída pelo Imperador Constantino e de sua mãe Helena. Colunas e capitéis reutilizados no pórtico da Igreja atual recordam o estilo das sinagogas do séc. III-IV. 

O Imperador Constantino e sua mãe Santa Helena também encontraram grandes jarros. Alguns foram reconstruídos como o da foto para dar uma idéia de quão grande que eles poderiam ser preenchidos com água que o Senhor transformou em vinho.





Uma inscrição em língua aramaica, encontrada debaixo do piso da igreja diz: “Bendita seja a memória de José, fiho de Talhum, filho de Butah, e seus filhos, que fizeram esta mesa (de mosaico). Que a benção esteja sobre eles”.

Os mais antigos relatos cristãos, que apresentam Caná da Galileia como meta de peregrinação, situam-na perto de Nazaré: 

“não longe dali avistaremos Caná, onde foi convertida água em vinho”
 (S. Jerónimo, Epístola XLVI. Paulae et Eustochiae ad Marcellam, 13), afirma S. Jerónimo numa carta escrita entre os anos 386 e 392. 

E noutro documento posterior, dá a entender que a cidade se encontrava no caminho para o mar de Genesaré:

 “percorreu-se a bom ritmo Nazaré, local onde cresceu o Senhor; Caná e Cafarnaum, testemunhas dos seus milagres; o lago de Tiberíades, santificado pelas travessias do Senhor, e o deserto em que vários milhares de pessoas se saciaram com uns poucos pães e das sobras dos que comeram se encheram tantos cestos, quantas são as tribos de Israel”
 (S. Jerónimo, Epístola CVIII. Epitaphium Sanctae Paulae, 13).










Dois lugares


Igreja edificada em Kefer Kenna

Embora estes testemunhos que chegaram até nós tenham um valor indiscutível, não fornecem dados definitivos para situar Caná, pois poderiam referir-se a dois lugares com esse nome que existem a norte de Nazaré: 

1- as ruinas de Khirbet Qana, uma aldeia abandonada há sete séculos;

2- e a cidade de Kefer Kenna, que conta actualmente com dezassete mil habitantes, sendo cristã uma quarta parte.

Khirbet Qana ocupava o alto de uma colina sobre o vale de Netufa, perto do caminho que ligava Acre com o mar de Genesaré. 
Encontrava-se a nove quilómetros de Séforis e a catorze de Nazaré. Investigações arqueológicas trouxeram à luz os restos de uma pequena aldeia que sobreviveu até ao séc. XIII ou XIV, onde há uma gruta com vestígios de culto cristão da época bizantina e numerosas cisternas escavadas na rocha para armazenar a água da chuva, uma vez que não havia fontes naquela zona.












Kefer Kenna está a seis quilómetros de Nazaré, no caminho que desce até Tiberíade. A povoação, abastecida por uma nascente, remonta pelo menos ao séc. II antes de Cristo. 
Parece que no séc. XVI os seus habitantes, que eram na maioria muçulmanos, conservavam a tradição do lugar onde Jesus tinha realizado o milagre. Os peregrinos encontraram aí uma sala subterrânea que tinha acesso a partir das ruinas de uma suposta igreja, cuja construção atribuíram ao imperador Constantino e a sua mãe, Santa Helena. 

Em 1641, uns franciscanos estabeleceram-se na povoação e começaram os esforços para recuperar aquelas ruinas, cuja posse só foi possível em 1879. Em 1880 foi edificada uma pequena igreja e posteriormente foi-se ampliando, entre os anos 1897 e 1906. 




Altar da Igreja Bodas de  Caná



Também se construiu, em 1885, a uns cem metros, uma capela em honra de S. Bartolomeu - Natanael l-, que era oriundo de Caná (Cf. Jo 21, 2).


Por ocasião do Jubileu do ano de 2000, foi levada a cabo uma restruturação do santuário, que se aproveitou para realizar previamente uma investigação arqueológica que completasse outro estudo de 1969.


 As escavações trouxeram à luz, além da igreja medieval, o que poderia ser uma sinagoga dos séc. III-IV construída sobre os restos de habitações anteriores, que remontam ao séc. I.

 Esta sinagoga tinha um átrio com pavimento à base de mosaicos, e um vestíbulo com pórtico, com uma grande cisterna no centro, que se conserva no subsolo do actual templo; as colunas e os capitéis do pórtico também se reutilizaram na nave. 

Na abside setentrional da igreja, encontrou-se uma abside ainda mais antiga que continha uma sepultura do séc. V-VI. 

O tipo de túmulo parece indicar presença cristã no lugar durante a época bizantina. Tal como os testemunhos históricos, a arqueologia ofereceu-nos provas concludentes para situar Caná da Galileia: o lugar onde Jesus converteu água em vinho.








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